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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Brasil é o único país do mundo em que pobre é de direita...



Depois de abandonar o blog por alguns dias, devido a compromissos profissionais e boêmios, estou de volta tentando dar liga às minhas divagações. E volto para tratar de um tema do qual não se pode fugir nesses últimos dias: eleições. E a frase do grande e saudoso Tim Maia que reproduzi aí em cima a guisa de título dá a idéia exata do que eu penso sobre o segundo turno do nosso pleito presidencial. É espantoso o grande número de jovens que declaram voto a favor de Serra, o que tenho observado em ambientes diversos, sobretudo nas escolas. Estamos assistindo ao fenômeno do “endireitamento” da juventude brasileira, a um reacionarismo e a um conservadorismo antes impensável para alguém com menos de 30 anos. Triste e patético!
O buraco é mais embaixo, diriam alguns, usando o argumento de que é um impulso natural da juventude ser “contra tudo que está aí”. Faz sentido, pois os jovens foram o motor das convulsões sociais que marcaram o Maio de 68 na França, que saíram às ruas na Revolução dos Cravos em Portugal, que pegaram em armas para lutar contra a ditadura militar no Brasil - como Dilma o fez - e pintaram a cara contra Collor em 92, dentre outros inúmeros exemplos mundo afora. Concordo que há uma natural tendência juvenil à insurreição, mesmo que somente verbal, contra o establishment. Porém, sempre que decidiu ser o arauto das mudanças, a juventude quase sempre se posicionou na busca de avanços, reformas e conquistas que garantissem o bem estar social e os direitos que eram negados a uma parcela significativa da população. Muito raramente se viram jovens empunhando uma bandeira reacionária, de retrocesso a um governo elitista que reproduzia desigualdades sociais, políticas e econômicas.
Mas o que noto em alguns discursos anti-Dilma de certos jovens é uma crítica à atual situação política do Brasil, uma banana simbólica aos escândalos de corrupção que vieram à tona ultimamente. Acho ótimo, mas o único problema é que tem gente que pensa que foi o PT que criou a corrupção no Brasil, esquecendo dos casos cabulosos que ocorreram em governos anteriores, que além de corruptos eram cínicos reprodutores da imenso abismo entre ricos e pobres no Brasil. Falta a muita gente conhecimento da história do PSDB e do DEM, partidos que sustentam a candidatura de Serra. Esses dois partidos são os legítimos representantes do que há de mais arcaico na política brasileira: o coronelismo, agora camuflado nas peles jovens dos herdeiros dos antigos caciques, a arrogância dos intelectuais de gabinete, o discurso tradicionalista dos grandes proprietários de terras e dos grandes empresários. Ou seja, Serra representa grupos políticos e econômicos que concentraram a riqueza do país no eixo Sudeste-Sul, jogando o resto do Brasil no atraso desde 1889, quando a República iniciou-se por aqui. Será que para nós, nordestinos, mais de 100 anos de descaso desses senhores ainda não é tempo suficiente para que tenhamos consciência do quanto melhoramos nos últimos tempos? Ou ainda vamos manter a mentalidade servil e baixa daqueles que se contentam com migalhas, dos que votam no candidato do "coroné"?
Nós, jovens pobres ou de classe média, se quisermos mesmo mudanças consistentes, temos que pensar e agir do ponto em que estamos para frente, nunca retroceder a um estado de coisas em que nos era desfavorável. O governo Lula nos ofereceu avanços imensos do ponto de vista social e econômico e Dilma é a candidata que pode cimentar essas conquistas, para tornar o Brasil menos desigual e mais justo com os desfavorecidos. Chega de engolir a conversa fiada da Veja e da Globo: dia 31 é Dilmão na cabeça!!! Hasta la victoria, siempre!!!

2 comentários:

  1. Penso que vc tem razão em alguns pontos, mas quando você diz que quem apoia o Serra são os coronés, o que dizer de Sarney, Renan Calheiro, Jader, Color, pelo que me consta esses senhores apoiam a Dilmão - são tudo farinha do mesmo saco. Coronés por coronés a Dilma está bem servida. Esses senhores são o simbolo do atraso.

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  2. Realmente, ao lado de Dilma estão antigos líderes "coronelistas". Mas a diferença é que agora Renan, Sarney e Collor estão sujeitados a um projeto de país muito mais amplo e democrático, ao contrário do período de governo do PSDB,onde estes mesmos cidadãos estavam a serviço de um governo que concentrava seus investimentosno eixo Sudeste-Sul. Não é bom, do ponto de vista ético, estar do lado trinca Collor-Sarney-Renan, mas é muito pior tê-los sustentando um projeto de governo elitista como o do PSDB e do DEM. Ou já esquecemos que Renan foi ministro da Justiça de FHC e Sarney era da base aliada do mesmo governo? Ou seja, acho menos ruim suportá-los ao lado de Dilmão do que lhes dar poderes num governo de direita, pois aí sim teríamos de volta o coronelismo em sua essência...

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